SOU CIGANA e estou viva!
Afirmo isso porque, infelizmente o único lugar onde meu povo se vê respeitado são nas casas de umbanda.
Nestes locais somos considerados santos, e nossa cultura é vista com bons olhos, quem sabe, pelos trajes coloridos e pela alegria que demonstramos. Alegria essa que talvez seja apenas uma forma de retribuição devido à maneira com que somos recebidos.
A falta de informação sobre quem somos, e como encaramos nosso modo de viver, transformou-nos em criaturas do sub-mundo, alvo fácil até mesmo para literatos com o quilate de Guimarães Rosa, que no seu livro Sertão Veredas classificou-nos como assaltantes e prostitutas.
Mas somos um povo forte, e feliz. Suportamos as grandes mudanças, passamos com elas e por elas. O mundo antigo nos esmagou, e o moderno nos desqualificou.
Fomos um povo perseguido por grandes reis. Sofremos com a Inquisição, e sobrevivemos ao Holocausto.
Estamos vivos e ativos… Existimos!
“A forma mais eficiente de baixar a auto-estima de um povo é negar sua cultura”, disse Giovanovitch.
Autora: Mahra